quinta-feira, 1 de julho de 2010

ERA UMA VEZ UMA BARRIGA


Quando eu descobri a gravidez, uma das minhas grandes vontades era falar com a barriga. Uma barriga diferente; redonda, graciosa, imponente, afirmando com toda a sua identidade de que vinha vida por ali.
Aí é engraçado porque agora que o barrigão apontou de vez, com aquele formato típico, cheguei até a esquecer dela. Ela foi crescendo quietinha, quietinha, e eu meio tímida, me achando ridícula de querer puxar papo. Vai que ela num responde?
Me sentia mal de não dar atenção pra barriga, tão grande, tão toda na minha frente, tão solitária. Mas ensaiava um dedo de prosa e desistia. O máximo que conseguia era alisá-la, ahhhhhhhhhh, isso é um vício. Não tem sensação mais gostosa que afagar o barrigão, bezuntá-lo de óleo de amêndoa na hora do banho, melar de Victoria Secret, mas conversar que é bom, tsc, tsc.
Sem saber o sexo do baby, é mais estranho ainda, porque além de não ter assunto, não tem como você chamar quem mora dentro da barriga.
E foi essa angústia até semana passada, quando finalmente o Lucas mostrou-se no US.
Agora sim começa um diálogo de verdade com a barriga. E estamos indo bem. Começou meio sem querer, no quarto, deitada. Olhei pra ela, respirei fundo e desembestei a falar.
Naruralmente essa relação vem amadurecendo, converso com ela o tempo inteiro e hoje até dou umas bronquinhas nela, quando do nada recebo respostas como solavancos e freadas bruscas.
A próxima parada é perder ainda mais a timidez e fazer aquele ensaio fotográfico, com tules, babados e o famoso sapatinho na barriga, que sempre achei o ó! Mas que fazem parte desse lance de barriga. E há quem diga, que quando ela se for, uma saudade metafísica vai continuar. Até quem sabe, vir uma outra...

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