A cena clássica da criatura em pé, ao meu lado. “O fiiiiiiiiilho
que que você tá fazendo aqui?”
Cadê aquele nenezico que há pouco chorava no escuro? Cadê aquela
pessoinha que dormia abraçada na popó? Aquele neném fofo que me estendia os
bracinhos querendo cói? Sempre acreditei na teoria da minha amiga Kika Coutinho,
de que alguém troca a criança a noite e põe outra no lugar, igualzinha, só que
maior. Foi assim na fase RN, na fase dos mil dentes, quando andou, falou e
agora, pronto, agora ele vem até meu quarto , NO ESCUUUURO!!
Pois é! Difícil essa fase de não é uma criança mas também
não é um bebê. Sei lá como tachar, é um molequinho. Safado que só, já sabe
argumentar, negar, peitar e fazer birra. Sabe pedir surpresa sempre que precisa
tomar banho e barganha o desenho se comer tudo. Sabe pedir brinquedo vendo propaganda
e sabe que sexta é o último dia de escolinha, porque depois a gente vai
passear. Até tentei lá no meu inconsciente, fazer uma festinha dos Smurfs pra
ele, ok, ele amou, mas no fundo, no fundo ele queria o show das poderosas. Os brinquedos
também perderam a fofura, claro que existe um Mickey de pelúcia aqui, um urso
polar (que já tá encardido) ali, mas a vez dos carrinhos com controle remoto, voando pela casa, dos eletrônicos, livros de
pintura e quebra-cabeças, chegaram com todo gás.
Roupa é um caso a parte. Só usa o quer, e não precisa
combinar. Outro dia ele cismou de ir com uma meia diferente da outra pra
escola. Rosa é coisa de menina e bichinhos nem pensar!!! E também não é sempre
que quer cortar as unhas dos pés. Aí vem bilhetinho da escola, mandando eu
cortar e quero me enfiar num buraco, de tanta vergonha!!
A luta pra sentar na cadeirinha do carro talvez seja o maior
dos estresses. Toda vez é uma grande batalha. Certeza que emagreço uns 5 kilos
fazendo força contra até achar às cegas o cinto que encaixa no triângulo que
prende as 2 partes na trava de segurança, aí é só apertar as alças, seeeeeeeem
enforcar a criança que esperneia e pronto, tentar sair com o carro, como se
nada fosse.
Mas, porque e agora não, nem preciso dizer que são as
palavras de ordem. Não menos importantes que claro que não, claro depois e
claro que nunca. Ah! E os famosos e irritantes “pega você” e “eu quero agora”.
Só 3 anos e um moleque! Um moleque que tem certeza que é
adulto, porque esses dias me disse que já podia mexer com facas e tesouras e
que ia trabalhar pra ganhar dimdim. E eu passada, olhando meu bebê.
Óbvio que meu lado superlativo está aflorado, existe
tooooooooda a delícia dessa fase de transição, a mala de sair virou uma pequena
nécessaire, a preocupação coma comida fora de casa é mais amena, as idas ao
mercado já não são um sacrifício, os passeios são mais interessantes, a
interação é muuuuuito mais legal, mas é um choque grande, por mais que a gente
trate ele de igual pra igual, eu fico em choque com cada palavra atravessada,
olho virado e boca torta que ele faz. E chego a surtar com a repetição de uma
mesma frase quando quer alguma coisa: “quero biscoito, quero biscoito, quero
biscoito, quero biscoito” é um mantra dos I-N-F-E-R-N-O-S!!!!!!
E eu só queria saber uma coisa, uma coisinha só: Cadê??? Quem
foi o ladrão que roubou meu bebezinho? Devolve ele, só mais um pouquinho, por favoooooooooor???